domingo, 8 de julho de 2012

Pré-conceitos



Nas últimas semanas tenho percebido como é trabalhoso encontrar um bom tema sobre o qual escrever. Para mim, quem sabe faz, mas quando se tem um público, é preciso fazer sempre mais.

Quem gosta de escrever faz com muita facilidade. É inerente, é natural e prazeroso. É como desfrutar um final de semana: você se esquece de todo o resto e só pensa naquele momento. Olha para dentro de si mesmo e busca emoções, opiniões, conceitos, que vêm a todo instante, num emaranhado de informações que vão se organizando em conjunto para, sinteticamente, transcrever o que todas elas querem dizer.Escreve-se o que quer, do jeito que quiser, porque em tempos pós-ditadura, a liberdade de expressão é garantia constitucional.Mas, a existência de, um leitor que seja, muda tudo.

Ter alguém que vai ver o seu trabalho cria um compromisso maior com o que você diz. Requer cuidado para não falar nem de mais,nem de menos, pois todo exagero pode gerar impactos que não foram previstos.Aquele que acompanha o que você produz e usa, ao menos,cinco minutos de seu dia dando atenção ao que você faz, vai se valer de suas ideias,concordando com elas ou discordando delas, e criando conceitos ou simplesmente aderindo aos seus, sem se dar ao trabalho de pensar.E é justamente nesse último ponto que está a grande responsabilidade.

Levar informação, formar opinião ou construir ideias exige um zelo muito grande. Estamos o tempo todo conectados aos mais diversos meios de comunicação, que explícita ou implicitamente, contribuem para moldar o nosso pensamento. Lemos revistas e jornais, assistimos ao noticiário, às novelas, aos filmes, ouvimos música. Em tudo isso existe uma mensagem e um objetivo, que, por diversas vezes, a grande maioria da população não consegue perceber.

Aprender a digerir, e não apenas engolir tudo o que absorvemos todos os dias é fundamental para não nos ajuntarmos a tantos outros, massacrados pelos conceitos e preconceitos que lhes são impostos. E mais ainda, para preservarmos nossa individualidade, exercendo liberdade de escolha diante das opções.

Um político que presta favores ao povo não está querendo seguir o que o seu bom coração manda. Uma emissora de TV que promove uma figura ou uma marca não está agindo de graça e nem com 100% de veracidade. E é isso que as pessoas precisam ver. Se você simpatiza com fulano ou com cicrano, se você adora tal marca, se quer ter tal carro, ou se quer ir a tal lugar, ok!Mas, desde que seja feito pela sua própria consciência. Desde que isso represente algo para você, e não para os outros. Talvez você escolha porque é útil ou, simplesmente, porque acha bonito, mas o importante é que a escolha seja sua, e não dos outros. E está cheio de gente por aí que acha que é livre, quando na verdade não faz nada mais que dizer sim pra tudo o que os outros falam.

Existem milhões de crianças e jovens crescendo e formando sua personalidade em meio a uma infinidade de avanços tecnológicos e retrocessos psicológicos, e a milhares de informações, que eles mal dão conta de acompanhar. Influenciar quem ainda não sabe pensar sozinho é ainda mais fácil. E é nesse contexto que a educação escolar e familiar revela sua enorme importância. Grande parte (se não todos) os problemas sociais se dão pela falta de acesso a uma boa educação.

Encontrar um bom tema é agradar a cada leitor, individualmente. É levar a ele identificação, fazendo com que concorde com o seu ponto de vista, ou o que é ainda melhor, crie a sua própria opinião ao refletir sobre o que leu. Apurar a visão crítica sobre os fatos, olhando mais a fundo um e outro lado das coisas, nos permite escolher quem nos tornaremos e, analisando os prós e contras, acabo por consentir com o que dizem por aí: melhor que dar o peixe, é ensinar a pescar.

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