Certas vezes, a gente
descobre que não sabe nada do que achava que sabia. A gente descobre que não
sabe mesmo é de nada!
Quem é que, por mais adulto
que fosse, ou por mais velho que estivesse, nunca teve dúvida sobre o que
deveria fazer naquele momento?Quem é que sempre teve todas as respostas na mão,
mesmo depois de tantos anos de experiência?Quem nunca sentiu um aperto bem
forte no coração, por medo de tomar a decisão errada?E quem é que nunca viu
caírem por terra suas certezas, tão bem construídas e alicerçadas?
Para aprender não tem idade.
Para ensinar também não. Achamos que somos donos do mundo e da verdade, e que
estamos sempre certos. Ás vezes falta ouvir. Às vezes falta boa vontade para compreender.
E às vezes falta coragem para deixar o orgulho de lado e dizer: ”Não, eu não
sei tudo!”, ou: “Sim, eu estava mesmo errado!”.
Por que será que é tão
difícil retirarmos a máscara protetora da qual nos valemos para mostrar ao
mundo que podemos tudo, e reconhecer nossas limitações? E mais ainda:
reconhecer que as pessoas podem ter algo de bom a nos acrescentar. É que se
tornou doloroso nos mostrarmos tal como somos, porque a sociedade não tem
espaço para os “fracos”. O mundo não tem tempo para trabalhar aquilo que não
está tão bom e, por isso, o que não está pronto é descartado, como um objeto
usado que já não serve mais. Assim, cada um se agarra ao que pode para não ser
vítima da desaprovação alheia, e todos querem estar sempre um passo à frente.
Há coisas para as quais não
existem parâmetros. Quem pode dizer que uma criança não sabe o que diz apenas
pelo fato de ser criança? Não raramente, elas nos surpreendem com sua sinceridade
e inteligência, aquelas que perdemos ao longo dos anos, por nos fantasiarmos em
excesso ao tentar nos assemelhar aos demais. Qual é o pai ou a mãe que nunca
teve que usar de sua autoridade para desvencilhar-se de uma discussão com seu
filho porque, simplesmente, não tinha argumentos para rebatê-lo?
Ouvir o outro é ir ao
encontro de sua própria natureza, que lhe deu dois ouvidos e uma só boca. Como
bem dito em um provérbio árabe, dois dos cinco degraus para se alcançar a
sabedoria são calar e ouvir. Ao ouvir, raciocinamos mais e corremos menores
riscos de nos enganar. Ouvindo, aprendemos com as experiências dos outros,
agregando-as ao que já conhecemos.
Abrir-se ao novo e despir-se
de conceitos imutáveis é uma maneira de viver com a leveza e a coragem que a
vida pede, dando a nós mesmos o tempo necessário para que, o que antes nos dava
medo, se torne natural. Sempre é tempo de aprender, e só aprende aquele que se
dispõe a ouvir. Às vezes, a peça que fecha o quebra-cabeça vem de onde menos esperamos,
e quem acha que sabe tudo, no fim das contas acaba por não saber nada, pois se
fecha em suas concepções e em seus preconceitos, impedindo o seu próprio crescimento.
Subestimar o outro é a forma mais equivocada de se autoafirmar.
Não tem coisa mais certa que
ditado popular. Criados a partir de uma situação real, vira e mexe algum se
encaixa como luva em um acontecimento cotidiano. Nesse contexto, é inegável que
o mundo é mesmo de quem se atreve, e quem acha que tem o rei na barriga acaba
por dar com os burros n’água.