quarta-feira, 17 de abril de 2013

É tudo questão de sorte


Tudo na vida é questão de vontade, conveniência e oportunidade. Os entendedores das leis logo se lembrarão do princípio da ‘conveniência e oportunidade’ e eu digo que, sim, genericamente é dele mesmo que eu vou falar, mas aplicado em um âmbito não jurídico, afinal já diz o ditado: ‘nada se cria, tudo se copia’.

Pois bem, repare que, junto com a conveniência e a oportunidade, elegi a vontade como o terceiro elemento que integra a dinâmica da vida. Sabemos bem que a realidade do mundo e, pra tornar tudo isso um pouco mais pessoal, sabemos que a realidade do nosso país é repleta de desigualdades e injustiça. Uns com pouco, outros com excesso e toda essa velha história a que já estamos acostumados. Não é novidade nem segredo pra ninguém que enquanto tem gente comendo caviar, outra pessoa está morrendo de fome logo ali na esquina. E eu dizendo que a vontade e as oportunidades é que fazem a vida. Mas que absurdo falar que aquele pobre mendigo, e digo no sentido amplo da palavra, morreu de fome porque quis! É claro que essa não era a vontade dele. E será que teve alguma oportunidade? Certamente não. E aquele abastado fartando-se com as ovas de peixe? Será que se tornou quem é movido pela vontade? Ou será que teve chances que os outros não tiveram? Ou ainda, simplesmente, nasceu virado pra lua?

Este é um exemplo bem simples, mas suficiente para retratar que muitas vezes na vida, nossos planos só dão certo em virtude de uma série de fatores aliados. Quando se quer realmente alguma coisa, não se mede esforços para consegui-la, isto não está em discussão. Porém, também precisamos de oportunidades. Às vezes, até é possível criá-las, mas em outras elas precisam se apresentar a nós. E neste momento é que entra a conveniência. É aí que a gente escolhe o que vale ou não a pena, o que merece e o que não merece o nosso empenho. Mas, decidir nem sempre é tão fácil, porque existem inúmeros fatores a se considerar. Como então conciliar? Como fazer as escolhas certas? Por onde caminhar para se tornar o que todo mundo quer ser: um vencedor?

Esse é um dos grandes e permanentes desafios de nossas vidas. Estaremos constantemente diante de grandes impasses, de decisões a serem tomadas o quanto antes, de conflitos que nos tirarão noites inteiras de sono e dos quais nos lembraremos nas manhãs sonolentas de trabalho.

Tantas vezes chegamos tão perto e erramos. Por medo, por inexperiência, por considerarmos outras prioridades, por infinitas razões que fogem completamente ao nosso sistema racional de compreensão. E tantas vezes erramos e ficamos com ainda mais medo de errar e desperdiçar o tempo, que corre tão depressa que quase nos atropela nessa rotina louca que o mundo competitivo nos obriga a seguir. Tantas vezes não sabemos nos perdoar e acabamos nos sabotando.


Sigo acreditando que em meio a tanta oposição emocional, ainda existe um método de decisão que nunca falha, mesmo que façamos a escolha errada. Nunca falha, justamente porque ignora o medo e a ele sobrepõe o desejo, nos fazendo ir em frente. Não falha, porque, na pior das hipóteses, ao menos teremos agido em conformidade com os nossos sentimentos, e preenchido aquele vazio que sempre fica quando pensamos sobre o que poderia ter sido se tivéssemos tentado. Pra muita gente, que anda extremamente ocupada e não tem tempo pra bobagens e filosofias, pode até ser um mero devaneio, mas para mim não tem erro: quando escutamos o nosso coração é que vivemos. Quando ouvimos a razão, mas não anulamos a emoção é que a vida acontece. Afinal, que graça teria viver de aceitar oportunidades que não despertam nossas vontades? Tudo na vida é questão de vontade, conveniência e oportunidade. Toda conquista começa com um sonho, que primeiro virou ação, depois passou pelos terrenos da preparação e um dia, no momento adequado, encontrou a oportunidade. Isso me lembra uma frase de um autor desconhecido, que ouvi há muito tempo e, por algum motivo, ficou guardada comigo: ‘Não existe sorte. Sorte é quando a preparação encontra a oportunidade’.