Por tantas vezes vi a vida mascarada, camuflada por uma
lágrima ou por um sorriso.
Era frustrante ver tudo dando sempre errado. Era tão
inquietante e desesperador acreditar que nada seria diferente. Sem novidades,
sem mudanças, sem êxitos. Talvez algumas pessoas nascessem pra ser feliz só
mesmo na outra vida. E, outra hora, era tão estranho ver coisas tão lindas
prestes a inundar a minha vida. E era um frio na barriga, uma alegria que ainda
precisava ser contida pela ausência dos fatos, e eu tinha que segurar cada
exclamação, cada sorriso, cada explosão de felicidade, e guardar tudo bem
escondidinho, num cantinho lá no fundo do peito, pra gritar tudo pro mundo
quando chegasse a hora certa.
E depois tudo mudou. O que me causava dor e angústia, e
parecia que faria, para sempre, parte dos meus dias, passou. E o que seria o
oásis no deserto, o descanso dos meus medos, bálsamo para as minhas feridas,
minha felicidade eterna, também passou.
Não, meu mundo não desabou. Reuni as forças que haviam em mim
e ergui a cabeça.Aprendi a me amar de uma maneira inacreditavelmente
prazerosa.Descobri os deleites que se escondiam no meu cotidiano, enquanto eu
só tinha olhos para um futuro promissor.Enxerguei a felicidade que existia em
cada um dos meus dias.A felicidade por si mesma, nua, livre de motivos externos
que a justifiquem.Uma felicidade que se nutre de cada simples detalhe da
existência.
Enfim, me encontrei. E continuo a me descobrir todos os
dias. Deixei pra trás aquele ouro
de tolo, que me fazia achar que toda espera é produtiva e que toda
ausência tem uma justificativa que não seja o simples e puro desinteresse.
Entendi que
já era hora de curtir minha vida, com tudo de bom e saudável que ela podia me
oferecer. Inovei, me permiti, mudei, aproveitei oportunidades. Passei a olhar
para as minhas vontades e para a verdade, que eu insistia tanto em não querer enxergar.
Enfrentei meus medos. E, a partir daí, chegaram muitas coisas. Coisas que nunca
imaginei, porque a gente tem a mania horrível de se fechar em concepções
fantasiosas de ideais e perfeições, e se esquecer de pôr o pé no chão. Coisas
que eu, sinceramente, não esperava nem de mim mesma. Coisas boas.
A gente acha
que nunca vai mudar, que vai pensar sempre do mesmo jeito. Engano nosso!Todos os
dias, ao menos um pedaço de nós muda. Nem que seja um fio de cabelo que cai,
nem que seja uma palavra que a gente aprende. E só depois de muito tempo é que a
gente percebe. E então, olhamos para o espelho da nossa alma e já não nos
identificamos com algo que um dia fez parte de nós.
Quando a
gente muda, as coisas ao nosso redor também mudam. (Sim, é verdade! Não é
história pra boi dormir!) E tudo se encaixa. Em quem a gente era ou em quem a
gente se tornou. E aí, é tarde demais pra certas coisas e é a hora exata para
outras.
Nem sempre as
coisas vêm na hora que a gente quer, porque elas vêm na hora que tem que vir.
Quando deixamos as coisas antigas no passado, abrimos espaço para a chegada de
novas, que nem estávamos esperando. E, pra falar a verdade, quando batem à
porta é sempre bom atender, porque as melhores surpresas costumam chegar sem
aviso.
“Mas é
exatamente quando a gente tá cansado, que o coração distrai então a sorte vem.”