domingo, 11 de outubro de 2015

Medo de mim



Hoje eu não queria nada além de me sentir em paz. Aquela paz que a gente sente quando as coisas estão no lugar e quando sabemos que tudo está exatamente como deveria estar. A paz que a gente sente quando sabe que está no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas. A paz que toma conta de você quando, após um dia de muito trabalho, você ainda está feliz e agradecida por cada coisa na sua vida ser exatamente como é. E por tudo estar caminhando, não exatamente como você planejou, mas mesmo com as coisas saindo do lugar, você se sente totalmente bem.

Já faz algum tempo desde que experimentei essas sensações. Tenho saudade dessa época. Agora tudo está fora de lugar, e há uns bons meses (mais de doze) que não consigo ter um plano decente pra minha vida. A sensação de que ando fazendo burrada atrás de burrada dorme e acorda comigo todos os dias, e não me deixa descansar. Por mais que eu tente me esforçar pra colocar as coisas no lugar, elas, simplesmente, não chegam aonde deviam chegar, e estão me deixando esgotada.


Eu já não tenho controle algum sobre tudo o que acontece em minha vida. Como uma nuvem que passa, sinto o tempo passar e as possibilidades se esvaírem. Sei que muita gente vai pensar que é exagero, e que sempre há uma saída, em qualquer idade. E que eu sou nova, e tenho toda uma vida pela frente. Mas, me desculpem. Não é isso o que eu sinto e, se eu não sei viver, acho que ao menos tenho o direito de sentir algo sobre a minha própria vida.


Neste momento, estou aliviada por conseguir escrever. Faz tempo que minhas emoções não se traduzem mais em palavras. Por mais que eu tenha tentado,  e que só a ideia de escrever já me traga conforto, não tem saído nada além de meia dúzia de palavras boas ou quatro parágrafos de ideias ruins. Escrever é a minha terapia e a minha salvação. Cada vez que tiro de dentro do meu coração essa confusão de sentimentos que eu sou, sinto minha alma ficar mais leve. Deixo um pouco da bagagem para trás, pra que eu possa conseguir seguir em frente.


É estranho pensar que há poucos anos atrás eu era tão jovem e hoje sou a única responsável pela minha própria vida e pelos caminhos que vou traçar daqui em diante. Dá um frio na barriga perceber que, se tudo der errado, não tem ninguém que eu possa culpar pra me sentir melhor. Não me sinto preparada pra ser adulta. Não sei se algum dia vou conseguir não me desesperar diante dos meus problemas; não sei se vou parar de achar que tenho todas as doenças do mundo, tão bem diagnosticadas pelo google; não sei se vou conseguir construir uma carreira; ter uma vida estável e alguma segurança; não tenho a menor ideia se vou conseguir construir minha própria família e, conseguindo, se não vou arruinar a vida do meu filho.  Será que as pessoas têm esses medos também? Não sei se algum dia vou conseguir confiar em mim e fazer as escolhas que eu realmente quero.


É ruim viver com esse sentimento constante de insegurança e insatisfação. Pra todo lado que você olha, não vê uma saída que resolva os problemas. Esperar? Mais? Até quando? Se me derem um prazo, juro que sossego o facho. Mas, enquanto tudo for incerteza, sei que vou continuar essa mistura de ansiedade e frustração. Quando foi que eu parei de ser verdadeira comigo mesma? Em que momento eu comecei a achar que fazer escolhas seguras e previsíveis me trariam algum conforto? Onde eu estava com a cabeça quando achei que agradando aos outros eu fazia a coisa certa? Tenho medo, muito medo de não ser feliz, porque sei que a minha felicidade só depende de mim.