sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O quanto eu sinto



Eu só estou um pouco cansada das coisas serem do jeito que elas são. Sei que a vida não é perfeita e que, em muitos momentos, tudo vai ser completamente diferente do que a gente queria que fosse, mas é que estar constantemente dentro de uma guerra desafia meus limites de força e superação. E eu sei que essa tal de superação é algo que temos que buscar diariamente, mas nem sempre encontramos a força necessária para nos retirar da inércia em que estamos mergulhados.

Tem dias em que não dá mesmo pra colocar uma roupa bonita, enxugar as lágrimas e sair por aí com um sorriso estampado no rosto, gritando internamente que ‘Sim, eu sou forte, e nada nem ninguém vai me impedir de vencer’. Não, não adianta nenhum estímulo. Não, não adianta nenhum esforço psicológico. Não adianta dizer que tudo vai ficar bem. Aliás, às vezes, a gente tem vontade de matar quem vem nos tirar o direito de sofrer, dizendo que tudo vai ficar bem. Não, não adianta trazer bolo de aniversário, balão colorido, apito de festa, língua de sogra ou chocolate, porque hoje eu não vou sair daqui. Hoje eu vou chorar. Chorar, chorar, chorar, chorar e chorar até cansar. Hoje eu vou chorar porque as pessoas não sabem mais o que significa a palavra respeito, não sabem ouvir, não sabem entender, não sabem dar tempo ao tempo, não sabem calar, não sabem aceitar, não sabem colocar o outro pra cima, não sabem apenas abraçar. Hoje eu vou chorar, porque as pessoas se esqueceram que o amor ainda deveria existir.

Eu preciso de um tempo pra digerir tudo isso a que eu acreditei já ter me acostumado. Os sentimentos me surpreenderam e me sufocaram em mim mesma. Estou estranhamente presa em minha falsa liberdade. A vida nos condiciona o tempo todo. Ninguém é totalmente livre. Você não vive só por você. Você vive pelo que planeja, vive pelas pessoas das quais gosta, se adapta às circunstâncias. E se algo que independe da sua vontade dá errado, você se frustra; e se acontece alguma coisa com as pessoas, você sofre. Estamos constantemente presos. Contraditoriamente, prisioneiros na totalidade do mundo. Encarcerados pelas nossas expectativas, sonhos e pelos nossos sentimentos.

Eu sei que todos esses momentos tristes passam, e que daqui a pouco minha única saída vai ser aceitar aquilo que eu não posso mudar. Sei que não está certo a gente achar que tem o maior problema do mundo e que a dor nunca vai passar, eu concordo com você: é ilusório e é injusto. Mas, também não é justo ser obrigado a se comportar como um robô, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, sem poder chutar o balde, desejar que tudo se exploda e transformar a sua vida num drama sem solução. Primeiro, tem que derrubar, pra depois construir outra coisa no lugar.

Sabe, tentar ser extremamente racional é a coisa mais burra que alguém pode fazer. Gente é assim mesmo: uma hora está sem eira nem beira e no minuto seguinte já está feliz. Tropeça nos próprios pensamentos e depois adquire uma enorme e instantânea capacidade de percepção, que chega a habilitar para ser conselheiro emocional.

O que me dói mais é a certeza de que, muitas vezes na vida, precisaremos nos levantar sozinhos porque ninguém vai nos ajudar. É ver o mundo desabando em egoísmo e desunião. Ser independente é saudável, mas nossa natureza não é ser autossuficiente. E, porque tudo está ficando impessoal demais, pode reparar a corrida louca que as pessoas têm travado em busca da autossuficiência. Uma batalha desumana, que, provavelmente, só vai servir pra fazer o mundo andar em círculos, e acabar chorando a sua derrota, depois de dias de falsa glória e invencibilidade. Ninguém quer amar, ninguém quer depender da boa vontade dos outros nem ser solidário à dor alheia. A nossa própria vida já dá trabalho suficiente. Não queremos mais problemas.

Eu sei que quando a gente sofre, fazemos quem gosta da gente sofrer também. Mas, eu preciso parar um pouco pra pensar o que vou fazer daqui pra frente. Preciso me voltar para a direção que tenho que seguir. Você não faz ideia do quanto eu sinto por as coisas terem chegado a esse ponto, mas eu não posso mais parar por você, que, na verdade, nunca parou por mim. E, a cada vez que eu tento melhorar as coisas, e acabo me arrependendo, por ver que você continua sempre a mesma pessoa, eu fico um passo mais distante de não sentir. Cansei de interromper, em vão, a minha caminhada por você. Hoje, eu tenho que ir em busca do que reúne, numa palavra tão simples, todos os meus sonhos e desejos atuais. Eu já perdi tempo demais tentando ser perfeita para alguém que quer sempre mais. Agora, eu só preciso de paz.

Um comentário:

Nathália disse...

demais, demais!!

Géssica, arrasando como sempre!