domingo, 24 de fevereiro de 2013

Bem-vinda!



Você está quase chegando, mas a sensação é de que posso te perder a qualquer momento, se não encontrar um meio de te prender assim que eu te vir. Palavras soltas qualquer brisa leva pra longe. Eu preciso de uma caneta sempre por perto pra eternizar os pensamentos que vão, facilmente, misturar-se e esconder-se em algum canto dessa cabeça louca.

Nunca foi muito fácil tomar uma decisão importante, e certas decisões pedem uma dose extra de reflexão antes de serem colocadas em prática. Acho que a maioria das mães e dos pais, quando escolhem o nome do seu filho, não percebe o quanto essa escolha é importante. O nome é a identidade e, provavelmente, a única coisa que nunca vai mudar na vida de uma pessoa. Os pais nunca sabem qual vai ser a cor dos olhos ou a expressão do sorriso da criança,   mas, mesmo assim, a pequenina precisa de um nome pra chamar de seu, ainda que ele tenha mais do pai e da mãe que dela própria. Quando alguém ganha um nome, ninguém sabe se depois de algum tempo os dois vão continuar combinando. Às vezes, uma pessoa se afasta tanto dele, que a gente acaba encontrando outro que se encaixe melhor à sua cara.

O nome de um livro deve sugerir a sua essência. Antes mesmo de ver a sua capa, ouvir o seu nome deve despertar a vontade de vivê-lo, saboreando os sentimentos que cada palavra vai produzir. Um livro é como um filho que nasce. Leva algum tempo até estar pronto para conhecer o mundo e para que o mundo o conheça. Cada etapa do seu desenvolvimento deve ser cuidada com muita dedicação, até que chegue a hora de deixá-lo livre para alçar voo e encontrar a subjetividade das interpretações.

Quando alguém escreve um livro, quer que tudo saia perfeito. Cada palavra deve ter um sentido especial, e cada frase deve estar inundada, ao mesmo tempo, de conhecimento e poesia, a tal poesia que dá vida à alma do autor, e que, para ele, dispensaria tudo o mais no mundo. E a missão se cumpre no momento em que a mensagem chega ao leitor, nem sempre explorando os caminhos pretendidos pela poesia originária, mas, muitas vezes, percorrendo estradas desconhecidas em si mesmo.

Quando uma boa ideia surge, é melhor não deixar pra depois. A gente espera tanto por algo que traduza, simples e objetivamente, tudo o que precisamos falar, que não dá pra dispensar só porque o momento não é dos melhores. Mesmo quando se está quase dormindo, curtindo música ao vivo em um barzinho, ou ensaboando os pratos após o jantar. Ideia boa não tem hora nem lugar pra chegar e, quando decide aparecer, é bom retribuir a gentileza e mostrar o quanto é bem-vinda, antes que ela  pegue as malas e resolva nunca mais voltar.

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