quinta-feira, 8 de novembro de 2012

(Des) Esperando




Agora é só esperar!Nada como o alívio de ter cumprido todas as obrigações da semana e estar livre da responsabilidade de ter alguma coisa dependendo de você pra acontecer. Nada de trabalho, tudo pronto. É só aguardar.

Mas, uma inquietude imensa toma conta de mim. Não consigo fica tranqüila sabendo que estou aqui, sentada (ao menos isso), sem nada pra fazer, só esperando. Eu deveria relaxar, descansar a mente. Devia pensar em tudo aquilo o que eu quero todos os dias, mas não posso porque tem um milhão de coisas à frente na lista de prioridades. Não dá. Não consigo ficar em paz sem encontrar qualquer bobagem material pra me distrair. O celular, a agenda, um papel de bala... Qualquer coisa que me tire dessa angústia e faça minhas pernas pararem de balançar por um minuto.

Tenho resistência em simpatizar com o sossego. Deve ser isto. Sempre pensando em alguma coisa, sempre me incumbindo de tarefas que ocupem cada minuto do dia e não me obriguem a permanecer no vazio do tempo e na breve infinitude das horas.

Tentei pensar em nada, mas aí já estava pensando em algo: pensar em coisa alguma. Minha paciência grita, berra, suplica por socorro. Meu corpo não encontra mais novas posições a serem experimentadas. Olho no relógio e vejo que 20 minutos se passaram. Para mim pareceu toda uma vida. A mim, parecia meio século de agonia incessante.

As pessoas se encontram. Matam sua aflição. Só quem eu espero parece jamais chegar. E se tiver ido embora?Ou desistido de chegar?E se toda essa infindável espera tiver sido em vão?Ah, mas eu mataria o ordinário! Não exercitei minha paciência de maneira incomum pra terminar numa espera infrutífera! Mas a gente combinou. Ele garantiu que me encontraria aqui. Foi até bem convincente, não dava sinais de que iria furar. Mas, eu já tinha ouvido falar da sua vasta experiência em dar bolos. Se eu fosse um pouco mais racional, iria embora agora. O telefone toca:

-“Ué, estou aqui te esperando! (...) O quê? Você já foi? Já faz bastante tempo que estou aqui! (...) Vai me esperar onde? Sei, sei onde é sim.”

-“Então tá. Estou te esperando. Não demora hein?! Tchau.”

Aquela audácia me tirou do sério. Fiquei um tempão plantada esperando, acreditando que desta vez ele poderia realmente aparecer, ao contrário do que dizia sua má fama, e ainda me vem com essa de “não demora”!

-“Espera!”

-“Oi?”

-“Você vai me esperar aí mesmo?”

-“Claro.” – com o mesmo tom convincente de antes.

-“Tudo bem então, vai esperando.Tchau!”

-“Hã?”

Tú,tú,tú...

Passei por outro caminho e fui pra casa. Tem dias em que, de tanto esperar em um mesmo lugar, a gente deixa de passar por outros bem melhores, que estão logo ali, bem ao nosso lado.

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