Nesta semana, assisti aos
depoimentos de dois jovens, em um grupo de oração, com o tema ‘família’. Ouvi
histórias reais de dois deles, que abriram o coração e revelaram um pouco de
sua intimidade para o grupo presente no momento. Acho bonito buscar a
aproximação com Deus em uma realidade em que a moda é alcançar o prazer terreno
e imediato.
Ainda que simples, foram
narrativas bem interessantes acerca da instituição social mais antiga de que se
tem notícia. Hoje, entidade familiar não se resume apenas a pai, mãe e filhos
morando juntos na mesma casa, engessados num falso eterno final feliz. Ao longo
do tempo, os laços afetivos passaram a ser o fator crucial para definir uma
família, e a partilha dos problemas e alegrias diários deu um passo à frente
dos laços consanguíneos. As pessoas pararam de acreditar que os conflitos que
elas viviam não existiam na casa do vizinho. Fato é que, nas famílias, o que
muda é mesmo só o endereço.
Um dos rapazes descreveu o
prazer de sua mãe ao preparar sua comida predileta, que mesmo com muita pressa
para sair, ele fez questão de, ao menos, provar, como forma de agradecimento a ela.
O outro falou sobre a dificuldade do pai em demonstrar afeto, e da decisão que
tomou de mudar diante da situação e dar o primeiro passo, para ver a mudança
ocorrer também no pai. Muita gente refletiu sobre as palavras deles; muita
gente chorou de soluçar, porque encontrou identificação e viu que todas as
famílias passam por problemas, pois pela convivência diária, a gente acaba
esbarrando em uma aresta aqui e outra ali, que só podem ser aparadas com muito
amor.
No amor verdadeiro existe
perdão. Quem a gente mais ama é quem a gente mais perdoa. E também somos todo o
tempo, perdoados por nossas falhas. Quem a gente mais ama é também quem a gente
mais fere. Porque é fácil ferir quem está sempre por perto e quem você sabe que
vai relevar suas ofensas e te sorrir outra vez, sem mágoas nem ressentimentos. E,
justamente por isto, não deveria existir ninguém a ser tratado por nós com
maior zelo que estas pessoas. Mas não, a gente nem sempre trata bem. A gente
nem sempre diz que ama. Mas, na hora da dificuldade, a gente faz o possível e o
impossível por elas. Amor de família se manifesta assim, sem muitas palavras,
mas coberto, dos pés a cabeça, de gestos, que por mais simples, revelam toda a
grandeza de um sentimento nobre e incondicional. É a forma mais bonita e
sincera de se dizer que ama.
Viver em família é isso. Amar
e ser amado o tempo inteiro. Negar pra educar, brigar pra ver quem pode mais. Odiar
em um momento e, no mesmo exato momento, não conseguir se imaginar na ausência dela.
É estar pouco tempo ou a poucos metros longe e perceber a falta imensurável que
te faz. É ter a certeza de que, mesmo com milhares de defeitos, a sua família é
a melhor família do mundo. Depois da minha, é claro!
Um comentário:
Excelente post Jéssica, tá cada vez melhor. Meus parabéns.
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